As histórias de quem não tem registros civis são inúmeras e, durante os mutirões de cidadania realizados em Alagoas, elas são contadas pelas principais personagens que, muitas vezes, estão em situação de vulnerabilidade social e não têm condições de pagar para emitir uma segunda via do documento. Outras, ainda, veem na agilidade uma oportunidade para garantir os registros.
A digitadora Lídia Bruna Marques dos Santos, que reside em Arapiraca, por exemplo, chegou ao Mutirão da Cidadania na Faculdade Cesmac do Agreste somente com uma cópia da certidão de nascimento. O registro original foi levado pelas enchentes que atingiram a cidade de Satuba, em 2022, e deixaram desabrigados os avós de Lídia, que guardavam o documento.
Eu só tinha a cópia da cópia desse documento. Agora com a certidão original me sinto feliz e realizada, comentou Lídia.
Já a confeiteira Vanessa Cláudia Costa de Sousa perdeu todos os documentos após um assalto na própria residência, também em Arapiraca. O prejuízo, segundo ela, foi inestimável e outros familiares também foram prejudicados pelo crime.
Vim tirar meus documentos porque fui assaltada; entraram em minha casa e roubaram uma pasta que estava com toda minha documentação. Além da certidão de óbito do meu esposo, também vim pegar a certidão de casamento e aproveitei para fazer o registro do meu filho. Foi maravilhoso. Se for pra dar nota mil, foi mil.
Vanessa Cláudia Costa de Sousa emitiu a certidão de nascimento gratuitamente. Foto: Niel Rodrigues
A agricultora aposentada Maria Salete da Silva, que reside no Povoado Olho DÁgua de Cima, em Arapiraca, disse que chegou ao mutirão com dificuldades para se locomover, mas que só voltaria para casa com os documentos em mãos. Ela não precisou aguardar muito para receber o registro civil. Melhor do que o que foi é impossível. Agora vou renovar o título de eleitor e o RG, porque fui aconselhada por uma moça daqui, comentou.
Senhora Maria Salete da Silva com a certidão de nascimento em mãos. Foto: Niel Rodrigues
O Mutirão da Cidadania foi realizado pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) e pelo Tribunal de Justiça (TJAL), em parceria com a Corregedoria-Geral da Justiça (CGJAL), através do Programa "Registro Para Todos", e Associação dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen/AL).
Niel Rodrigues - Ascom CGJAL
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