O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) afirmou ao Judiciário alagoano, nesta quarta-feira (29), que tem interesse em comprar parte das terras da Fazenda Balança, que fica nos municÃpios de Girau do Ponciano e Traipu, para criar assentamento da reforma agrária e garantir direitos a agricultores que já estão na área há mais de 20 anos.
Uma proposta de venda de, no mÃnimo, 300 hectares, para atender à s necessidades das famÃlias deverá ser apresentada pelo proprietário da fazenda, o senhor Antônio Monteiro da Silva Filho, conforme firmado em audiência de conciliação conduzida pelo juiz Anderson Santos dos Passos, que integra a Comissão Regional de Soluções Fundiárias, do Tribunal de Justiça de Alagoas.
A audiência ocorreu no Complexo de Justiça Especializada de Arapiraca e contou com a participação de representantes do Incra Nacional e de Alagoas, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e de agricultores do assentamento.
O Coordenador Geral de Implantação do Incra Nacional, André Luiz Bomfim Ferreira, que se deslocou de BrasÃlia para Arapiraca para acompanhar pessoalmente a audiência, parabenizou o Judiciário alagoano quanto à s tentativas de solução de conflitos agrários e afirmou que a iniciativa pode servir de referência para outros estados do Nordeste, com o intuito de promover a paz no campo.
“Nós saÃmos muito satisfeitos com essa iniciativa e esperamos que, muito em breve, voltemos ao estado de Alagoas, para que o Incra, dentro dos critérios estabelecidos no Decreto 433/92, venha pagar o valor justo de mercado, para que a gente possa, depois de uma década, voltar a criar assentamentos no estado de Alagoas e desenvolver agricultura familiar”, ressaltou.
Ainda, de acordo com Bomfim, é preciso garantir condições dignas à s famÃlias que estão na propriedade e incluÃ-las em benefÃcios que vão desde a conquista da casa própria, concessão de crédito, até o desenvolvimento de polÃticas públicas promovidas pelo Fomento Mulher e pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera).
“Nós vamos aguardar essa oferta do proprietário, na próxima segunda-feira, para que, ainda neste ano, possamos deslocar uma equipe para fazer esse trabalho de avaliação e, dentro de 30 ou 40 dias, vamos voltar e apresentar esses valores apurados em campo, para que possamos fazer a aquisição desse imóvel, criando mais um assentamento de reforma agrária no estado de Alagoas”, completou.
O diretor estadual do MST em Alagoas, José Roberto de Souza, explicou que a audiência foi fundamental para a tomada de decisões iminentes. “Essa reunião foi positiva, para que sigamos lutando para fazer com que o assentamento seja concretizado daqui a uns anos. O papel do Incra foi fundamental, com um representante de BrasÃlia, que mostrou interesse em negociar, então aguardamos a proposta que será apresentada pelo proprietário, para poder fazer a vistoria na área e termos o assentamento”, pontuou.
O proprietário da Fazenda Balança, Antônio Monteiro da Silva Filho, ficou de apresentar uma proposta de venda do imóvel à Justiça na próxima segunda-feira (04). “Todo acordo é bem-vindo e acho que esse nosso já passou do tempo. Eu vim aqui em atenção à Justiça, a quem eu tenho respeito, mas acho muito difÃcil a gente, no final, chegar a um denominador comum sobre reintegração de posse. Fiquei de apresentar uma proposta sobre se vai ser possÃvel ceder uma área e quanto será o valor”, disse o senhor Antônio.
O Incra iniciará os procedimentos necessários, que incluem uma avaliação na propriedade, já autorizada pelo movimento social, atual possuidor da área, para então apresentar uma proposta/contraproposta à Comissão de Soluções Fundiárias do TJAL.
A Comissão
A Comissão Regional de Soluções Fundiárias, do Tribunal de Justiça de Alagoas, tem como objetivo intermediar as decisões de reintegração de posse e também instituir instrumentos negociais nessa fase processual. Para isso, busca soluções negociadas, de maneira pacÃfica, através da conciliação e da mediação, de forma que seja resguardado tanto o direito do proprietário quanto o das famÃlias e movimentos sociais que lutam pela reforma agrária.
“É justamente nesse sentido que a Comissão pode realizar audiências, com mediações e conciliações, para evitar que qualquer cumprimento de decisão de reintegração de posse gere danos à s pessoas envolvidas, à s famÃlias e, especialmente, à s crianças e idosos que ocupem essas áreas, de forma que eventual reintegração ocorra observando todos os direitos fundamentais das pessoas que ali estão, preservando a integridade fÃsica, a vida e também os direitos sociais dos ocupantes. Ademais, também procuramos conciliar os interesses envolvidos na busca de eventual acordo que possa por fim ao litÃgio\", ratificou o magistrado Anderson Passos.
Niel Rodrigues - Ascom CGJAL
imprensacgj.al@gmail.com