"Acredito que estamos fazendo a diferença no país, ajudando pessoas que nem conhecemos", disse Cícero Alves. Niel Rodrigues

O corregedor-geral da Justiça de Alagoas, desembargador Celyrio Adamastor, recebeu, nesta sexta-feira (7), a visita de cortesia de Cícero Alves de Lima Júnior, fundador do Instituto Fênix, instituição que atua nos estados de Pernambuco e Paraíba com o objetivo de promover a reintegração social de egressos do Sistema Prisional.

Cícero Alves, que cumpriu 9 anos, 4 meses e 28 dias de pena no Sistema Prisional de Alagoas por latrocínio, crime que nega ter cometido, relatou que sua condenação se deu sem provas concretas.

“Não tem nada nos autos que me coloque nesse crime, não tem quebra de sigilo telefônico, não tem imagem, não tem nada, simplesmente por eu ser pobre e negro. São pessoas como eu que vão para o sistema carcerário”, disse.

Durante o tempo em que passou em reclusão, Cícero se destacou por ser o primeiro reeducando do Brasil a concluir um curso de ensino superior dentro de uma unidade prisional. A colação de grau em Administração ocorreu no Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), a convite do então coordenador do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário (GMF) de Alagoas, Celyrio Adamastor.

Ainda no Sistema Prisional, Cícero Alves iniciou duas pós-graduações, MBA em Gestão Pública e MBA em Liderança e Coaching na Gestão de Pessoas, ambas na modalidade EAD já concluídas. Após cumprir a pena, ele foi morar em Pernambuco, onde concluiu o curso de Direito, sendo a colação de grau já na próxima semana.

“Estou aqui para convidar o desembargador Celyrio, amigo que tive a honra de conhecer durante minha reclusão, para participar da minha colação de grau em Direito", disse Cícero, destacando a amizade que surgiu no período de sua prisão.

Outras conquistas
Além de sua trajetória acadêmica, Cícero Alves também foi presidente do Conselho de Execuções Penais de Pernambuco e atualmente lidera o Instituto Fênix, que já beneficiou mais de 2.000 pessoas com qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho.

“Hoje, a nossa instituição atua com o público em geral, porque, como a gente tem como foco diminuir a criminalidade, não podemos esperar que a pessoa cometa um crime para poder ajudar essa pessoa”, comentou.

Acompanhado da esposa, Flaviana Moreira Pimentel, Cícero também falou sobre a criação do primeiro restaurante social do Brasil, em Recife, que terá 100% de sua força de trabalho formada por egressos do sistema prisional, abrangendo todas as categorias profissionais.

“Hoje me sinto realizado. Acredito que estamos fazendo a diferença no país, ajudando pessoas que nem conhecemos. Isso nos dá forças para seguir em frente e não desistir”, concluiu.

Niel Rodrigues – Ascom CGJ/AL
imprensacgj.al@gmail.com